TERTÚLIA ELAS POR ELAS " O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE PORTUGUESA"
A Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave (SCM Riba de Ave), no âmbito das comemorações dos seus 90 anos, celebrou o Dia Internacional da Mulher (DIM) com a realização da Tertúlia “O Papel da Mulher na Sociedade Portuguesa” e, para a qual, teve como convidada a Dra. Odete Costa, fundadora e presidente do Movimento Lírio Azul (MLA).
A sessão foi aberta pelo Sr. Provedor da SCM Riba de Ave, Fernando Guedes, que recordou que "embora comemorado desde 1909, o DIM apenas foi reconhecido pela ONU em 1977, permitindo a celebração das conquistas efetuadas pela mulher ao longo dos anos e impondo a necessidade de se terminar com qualquer forma de descriminação ativa e cívica...”. O Sr. Provedor apontou ainda que existe um longo caminho a percorrer e que, por esse motivo, a SCM Riba de Ave “quis associar-se de forma clara às comemorações deste dia, pois está nos seus princípios a promoção da igualdade e a luta contra toda e qualquer forma de discriminação”, ressalvando, ainda, que "a Instituição tem nas mulheres mais de 75% dos colaboradores, não existindo qualquer diferença salarial em função do género”.
O Sr. Provedor terminou a sua intervenção apresentando a Dra. Odete Costa. Casada, mãe de três filhos e empresária, Odete Costa há 20 anos que trabalha em causas sociais e se dedica ao voluntariado, tendo, entre 2008 e 2015, sido presidente da Direção do Instituto Maria da Paz Varzim. De entre os diversos projetos de que foi mentora, são de destacar o “Arrisca”, para apoio a crianças e jovens do concelho da Póvoa de Varzim, o “Violência Não!”, no combate à violência doméstica e no desporto, o “Unidos Vencemos Barreiras”, dedicado à promoção da Língua Gestual Portuguesa, e, já com o MLA, o “Amor Maior”, de apoio a mães menores, solteiras, carenciadas ou abandonadas. Em fevereiro de 2017, é convidada pela Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a Sida” para assumir o cargo de Coordenadora Nacional da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social.
Odete Costa começou por agradecer a presença de todos e, em particular, à SCM Riba de Ave, por associar o DIM às comemorações dos 90 anos da Instituição. O MLA, fundado em 2014 na Póvoa de Varzim, começou com uma sessão de cem pessoas e, até ao final do corrente ano, encontrar-se-á implementado em mais de trinta concelhos do país, tendo já delegações em Angola, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Para este exponencial crescimento, muito contribui a dinâmica de Odete Costa mas também a motivação das “Lírios”, designação atribuída a todas associadas do Movimento que, em áreas específicas, contribuem e se dedicam a conduzir e a concretizar os projetos promovidos pela associação. Segundo Odete Costa “o sucesso do Movimento, através dos projetos que lança, está em conseguir o sucesso dos outros, nomeadamente com o pagamento de tratamentos, o apoio a mães desfavorecidas, a organização de passeios e de outras atividades”. Atualmente, o Movimento conta com dezasseis projetos em curso por todo o país.
Com uma matriz feminista, o MLA promove a igualdade de género, nomeadamente no acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho, incentivando, ainda, a denúncia de violência doméstica, do assédio e da pressão imposta sob a mulher. Odete Costa chamou a atenção para o facto da maior parte desta discriminação ser imposta precisamente pelas mulheres, sendo quem, percualmente, mais negligencia os direitos do sexo feminino.
Aproveitando a primeira visita a Riba de Ave, Odete Costa faz uma analogia entre o legado têxtil da freguesia, prossecutora de toda a dinâmica industrial da região do Ave e do Norte do país, e a primeira consciencialização feminista de que há memória, surgida em 1877 entre 130 mulheres de uma fábrica têxtil de Nova Iorque. Para Odete Costa “a empregabilidade feminina, nomeadamente na indústria têxtil, em muito contribui para o seu poder de afirmação. Com um emprego e um salário, a mulher ganha independência, autonomia e visibilidade, começando a contribuir para o financiamento do lar e a tornar o homem mais dependente de si. Este equilíbrio financeiro acabou mesmo por dar origem ao equilíbrio social, onde a mulher deixa de ser “Dona de Casa” para passarmos a ver os casais a partilhar a tarefas domésticas”.
Com uma implementação de norte a sul do país, a Associação marca ainda pelo relevante peso que tem nas redes sociais, registando no Facebook cerca de cinco mil visualizações diárias. O MLA destaca-se, ainda, por não cobrar quotas às suas associadas e, consequentemente, por não ter rendimentos, garantindo a sua subssistência e execução dos projetos através de mecenas, donativos e patrocínios em forma de materiais e de serviços. Segundo Odete Costa, “apenas desta forma é possível não promover a exclusão de “Lírios” pela sua menor capacidade financeira.”.
A sessão terminou com a homenagem a todas as mulheres, em especial às que, por estarem a trabalhar, por estarem doentes ou a cuidar dos filhos, ou por serem vítimas de violência doméstica ou de exclusão social, não poderam marcas presença na celebração do Dia Internacional da Mulher.