Apelo por todos e pelo SNS
A força da unidade para superar a ameaça pandémica
Portugal atravessa uma situação gravíssima de disseminação da infeção e, consequentemente,
do número de pessoas que se debatem com situações graves e muito graves e dos que,
infelizmente, morrem devido direta ou indiretamente à Covid-19. Mais do que nunca, é
necessária uma resposta concertada das forças e poderes políticos, da comunidade científica,
da comunicação social, dos profissionais de saúde e de toda a população.
Certamente haverá na situação presente convergência e sinergismo de múltiplos fatores.
Alguns foram identificados, documentados e antecipados nos últimos seis meses, sem terem
sido modificados ou atenuados. Outros emergiram nas últimas semanas. A mistura tornou-se
explosiva. Este não é o momento para lutas políticas, acusações ou atos de contrição. Virá um
tempo para isso. Agora é tempo de agir. Todos temos um papel a desempenhar.
A resposta passa pela ação concertada de todos. Pelo cumprimento rigoroso de medidas e
ações que reduzam abrupta e imediatamente a intensidade da transmissão do vírus na
comunidade. É a única forma de baixar o número de doentes graves, travar a perda de vidas, e
evitar o colapso do SNS e do sistema de saúde.
Aos atores e aos poderes políticos apela-se que utilizem ao máximo as aprendizagens destes
meses de experiência nacional e mundial e procurem compreender e integrar melhor nas suas
decisões as determinantes, limitações e motivações comportamentais dos seus concidadãos e
dos sectores envolvidos e atingidos pela crise. Que saibam aconselhar-se com órgãos de cariz
científico multidisciplinar e interinstitucional, minimamente organizados e colaborativos, que
laborem em permanência para recolher, analisar e produzir conhecimentos científicos e
sínteses regulares, relevantes e úteis para a decisão em cada momento.
À comunidade científica e suas instituições, apela-se a que cooperem e se organizem
proactivamente entre si, para atingir massa crítica de pensamento e análise científica
estruturadas. Que sejam capazes de produzir sínteses úteis, sinalizando claramente
conhecimentos consolidados, sem escamotear controvérsias e incertezas, evitando atuações
pessoais, dispersas e desencontradas. Que o façam de modo sistemático e permanente e que
as suas sínteses, regularmente atualizadas, sejam comunicadas nas formas e conteúdos
adequados aos decisores políticos, aos profissionais de saúde e à comunicação social.
Aos dispositivos de saúde pública e dos cuidados a montante dos hospitais deve ser concedida
prioridade máxima de reforço de meios. Há que assegurar suficiente capacidade de realização
dos inquéritos epidemiológicos, identificação, testagem e isolamento dos infetados. A ação
insuficiente da rede de saúde pública e das intervenções a montante determinam, semanas
depois, avalanches e colapso dos serviços a jusante. O que infelizmente está a acontecer.
À comunicação social apela-se que reajuste e inove as suas estratégias de informação. Que
tenha em conta as necessidades emergentes e a aparente dessensibilização psicossocial, após
meses consecutivos de pandemia.
Quanto à população e seus grupos específicos, que cada cidadão interiorize convictamente
que o seu contributo é decisivo. Que pense nos outros, nos seus familiares, amigos, vizinhos,
colegas. E também nos profissionais de saúde. Que se preocupe em protegê-los, numa atitude
altruísta que será benéfica para si próprio. Que tenha a ousadia e a força para inverter a
ordem das prioridades do “proteger-me a mim” para o “proteger os outros” . Isso pode fazer a
diferença. Pensar em cada momento que, atualmente, sem o saber, pode estar a transmitir
vírus involuntariamente.
Cada um de nós deve cumprir, sem hesitações, com absoluto rigor e tolerância zero as ações
ampla e repetidamente enunciadas pela Direção-geral da Saúde. Nunca é demais repeti-las
porque dificultam ou impedem a transmissão do vírus e ajudam a salvar vidas:
- distância e afastamento de pessoas, que não sejam os conviventes;
- abster-se de toda e qualquer deslocação desnecessária;
- usar máscara, como barreira ao lançamento para o ar, superfícies e objetos degotículas contaminadas por vírus;
- manter renovado o ar dos espaços fechados;
- higiene adequada e frequente das mãos, para evitar infetar-se ao levar vírus à boca, nariz e olhos.
Paralelamente, que cada um de nós seja um agente de saúde exercendo o dever cívico e a pedagogia adequada para incentivar todos à nossa volta a seguir à risca as recomendações da DGS, em especial as atrás relembradas.
Podemos e devemos ajudar a preservar o funcionamento do SNS, que é um património de todos. A todos cabe evitar que o aumento descontrolado de pessoas infetadas leve o SNS e o sistema de saúde a um colapso que colocará em perigo de vida milhares de pessoas com Covid-19 e com muitas outras doenças e acidentados, que não poderão ser tratados.
Apelamos para a unidade e determinação de todos os Portugueses para que seja possível superar esta crise no mais curto espaço de tempo possíve
Lisboa, 21 de janeiro de 2021
Constantino Sakellarides, J. Aranda da Silva, Víctor Ramos - Ex-presidentes e presidente da FSNSAntónio Leuschner, Celeste Gonçalves, Diana Costa, Isabel Abreu, José Carlos Santos, Maria AugustaSousa, Marta Salavisa, Patrícia Barbosa, Pedro Maciel Barbosa, Rui Monteiro, Rute Teixeira Borrego,Teresa Gago - Membros do Conselho de Administração e colaboradores permanentes da FSNS
FUNDAÇÃO PARA A SAÚDE – SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE
RUA ANTÓNIO ALBINO MACHADO Nº 28 LOJA, 1600-260, LISBOA, EMAIL: FUNDACAOSNS@GMAIL.COM